O Corpo de Bombeiros aumentou, no início da noite desta sexta-feira (12), a área isolada em torno do Rio do Peixe, na cidade de Coronel João Sá por conta do risco de novos rompimentos de barragens na região.
Pela manhã, a área isolada em torno da ponte por onde passa o Rio do Peixe em Coronel João Sá era de cerca de 20 metros. No início da noite, no entanto, a área isolada passou para mais de 500 metros.
A informação sobre o risco de novos rompimentos foi passada pelo major Ramon Diego, com base em análise de técnicos da Defesa Civil, e também pelo governador da Bahia, Rui Costa, que esteve no município avaliando os danos provocados pela inundação.
Por volta das 17h desta sexta, o Corpo de Bombeiros orientou que os moradores evacuassem o local. De acordo com o governador, a medida foi tomada para evitar maiores danos à população.
“Vários pequenos barramentos, todos estão cheios, e todos estão vazando. E como está cheio e são todos de barro, pode ter um que entre em colapso, na medida que um rompa, ela vai levar o seguinte, aí vira de novo uma onda. Então, é melhor prevenir do que remediar, e por isso nós estamos pedindo às famílias que voltem para casa dos parentes, que voltem para os colégios, enfim, tirando da área de alagamento. Porque, se durante à noite houver rompimento de algum [barramento], as famílias não seriam afetadas”.
Rui Costa informou ainda que as cidades de Coronel João Sá e Pedro Alexandre ficam em uma região de semiárido e por isso têm muitas barragens de água. Ele explicou que, além da evacuação, outra medida tomada foi desobstruir as passagens para facilitar o deslocamento dos moradores.
“Eu estava conversando com o prefeito e ele me disse que, no últimos 70 anos, nunca viu uma sequência de chuva tão grande. E o que está acontecendo é o colapso de muitos pequenos barramentos, feitos em propriedades privadas, que vão rompendo e criam o efeito cascata, uma onda de água, como aconteceu em Pedro Alexandre. Agora é monitorar os outros pequenos barramentos para que a eventual elevação da água não comprometa a vida de ninguém, tomando, inclusive, medidas para a prevenção da saúde das pessoas”, disse o governador.
Ainda segundo Rui Costa, cuidados como incineração de animais mortos estão sendo tomados para evitar que pessoas adoeçam por conta da inundação. O governador disse ainda que haverá uma discussão sobre o reparo da cidade.
“Vamos sentar com o prefeito para discutir o reparo da cidade e ver como podemos minimizar e ajudar as pessoas a recuperarem. Muitas pessoas aqui perderam tudo. Tudo ficou embaixo d’água. Todo eletrodoméstico, todo mobiliário e nós vamos buscar uma forma de ajudar essas famílias. São famílias de baixa renda e vamos ver que forma posterior à chuva a gente pode ajudar. No momento, é evitar comprometimento de vidas humanas e dar todo apoio aqui logístico e, por isso, todo aparato do estado está presente”.
O prefeito de Coronel João Sá, Carlinhos Sobral, informou que a cidade também teve situação de emergência decretada na quinta-feira (11).
“A Defesa Civil já orientou também a prefeitura, como fazer, porque nunca entramos em estado de emergência por causa da chuva. Inclusive, estávamos em estado de emergência de seca, para você ver como é a distorção. Pela primeira vez nós entramos em estado de emergência por causa da chuva”, disse ele.
A cidade de Pedro Alexandre também publicou um decreto na quinta.
Rompimento de barragem
A barragem do Quati rompeu na manhã de quinta-feira (11), no distrito de mesmo nome, que fica na cidade de Pedro Alexandre. Não houve registro de feridos.
A cidade mais afetada pelo rompimento, no entanto, foi Coronel João Sá, que fica a 45 km de Pedro Alexandre, por conta das famílias que moram às margens do Rio do Peixe, que corta a região.
Nesta sexta-feira, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia informou que o rompimento da barragem aconteceu após a ruptura de outros dois açudes menores – Serra Verde e Ronco Gibão, que são particulares e estão localizadas em propriedades rurais.
Com o transbordamento dessas estruturas, o volume de água foi muito grande e acumulou na barragem do Quati. A estrutura não suportou a quantidade de água e acabou rompendo.
Inicialmente, a Defesa Civil de Pedro Alexandre informou ao G1 que houve o rompimento da barragem. A situação também foi confirmado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
No entanto, ainda na noite de quinta, o Governo do Estado informou que não houve rompimento da barragem, mas sim um transbordamento. Na manhã desta sexta-feira (12), o governo voltou atrás e admitiu o rompimento da barragem.
Por Alan Tiago Alves, em Coronel João Sá