Tragédia da Creche Gente Inocente completa 3 anos: ‘Fico imaginando como estaria’, diz mãe de menino que morreu

Mateus morreu durante o ataque à creche — Foto: Arquivo pessoal

Há três anos, Valdirene do Santos Borges perdeu o filho Matheus na tragédia da Creche Gente Inocente em Janaúba (MG). Dez crianças, três professoras e o vigia Damião Soares dos Santos, que colocou fogo na unidade, morreram. Uma live em prol das vítimas vai ser realizada nesta segunda (5). Veja mais informações abaixo.

“A cada mês, a cada ano que passa eu fico imaginando como ele estaria. Eu vou levando, mas o dia 5 para mim será uma data assim que… não vou esquecer nunca”, diz entre lágrimas.

Matheus estava com cinco anos e tinha o sonho de ser policial.

Na época, a polícia informou que Damião Soares dos Santos, de 50 anos, jogou álcool nas crianças e nele mesmo e, em seguida, ateou fogo. Ele foi para a creche levando um atestado e cometeu o crime. O vigia estava afastado do trabalho por motivos de saúde.

Crime em creche de Janaúba, Norte de Minas — Foto: Fredson Souza/Arquivo pessoal

E foi Valdirene quem ensinou uma lição para a professora Sanny Simanelle de Sá. No dia da tragédia, ela estava lecionando.

“A gente não tem oportunidade para o amanhã, a gente só tem o hoje, o agora. Eu tenho um filho e ela fala comigo assim: Tia, nós não temos o amanhã, nós só temos o hoje para falar o tanto que amamos os nossos filhos.”

Dia vai ficar marcado

E as marcas do dia 5 de outubro de 2017 também ficaram em quem atuou no socorro às vítimas.

“Realmente foi um dia muito triste, que vai ficar marcado na nossa carreira”, fala o sargento Willian Xavier Aguiar, do Corpo de Bombeiros.

“Eu não esperava que seria uma ocorrência tão relevante. Chegamos lá e nos deparamos com óbitos, várias crianças queimadas e com muita dificuldade. O pessoal todo comovido e ajudando”, lembra o soldado Dime Rafael Rodrigues.

Movida pelo desejo de salvar as crianças, a professora Helley Abreu Batista sacrificou a própria vida para que a tragédia não fosse ainda pior. Ela teve 90% do corpo queimado e morreu no hospital, horas depois.

“Diante daquela dor, de gritos e choros, ela se comoveu no momento. Às vezes não consigo nem imaginar, será que eu faria?”, diz Luiz Carlos Batista, viúvo da professora.

A atitude heroica rendeu uma homenagem à professora, a creche passou por uma grande reforma e recebeu o nome dela.

Por Michelly Oda e Paula Alves, G1 Grande Minas