Quando começou a fazer exercícios físicos, 4 anos atrás, a costureira baiana Sandra Santos Almeida, de 42 anos, nem imaginava que ia se tornar uma atleta premiada. Na época, a intenção era apenas melhorar o condicionamento físico, mas os anos passaram, os treinos se intensificaram e, no último fim de semana, Sandra se tornou campeã estadual de fisiculturismo, na categoria Body Fitness.
O título foi disputado em Salvador e garantiu a classificação da atleta para o Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo. A competição será realizada na cidade de Ribeirão Preto (SP), em agosto. Até lá, Sandra terá três meses de preparação.
“É muita felicidade. Lutamos para chegar até aqui. Então, estou muito feliz. Para mim, foi uma honra. O troféu foi meu, mas debaixo de raça e luta”.
A fisiculturista não esconde o nervosismo antes de participar da competição nacional, mas garante que a vitória não é tudo. Sandra destaca a experiência e a oportunidade de estar na prova pela primeira vez.
“O nosso trabalho já começou com o pensamento da próxima competição. O coração está a mil para que a gente possa tirar uma classificação boa e, quem sabe, ganhar. Se não for dessa vez a gente vai tentar no ano que vem. A gente vai continuar tentando. Desistir, jamais”.
Casada, mãe de três filhos, e avó de uma menina, a costureira começou a competir há apenas 2 anos, contudo, já coleciona troféus e medalhas.
Entre as atividades de casa e o trabalho, a baiana se aperfeiçoa para as disputas com o preparador físico e também atleta Washington Santos, em uma academia no bairro onde mora, na cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.
“Tem um ano que treino com Washington. Depois que ele me viu em um concurso, me procurou e me ofereceu a oportunidade de me tornar atleta, de realizar o meu sonho”.
O foco é constante. No período de competições, o treino é intensificado e a carga de peso aumenta. A baiana chega a malhar 2h30 por dia.
Em casa, Sandra trabalha em um cantinho da cozinha, preparado especialmente para a costura. Ela presta serviço para uma empresa, mas também atende outras demandas.
A máquina de costura não para de funcionar por horas. É preciso muita energia para dar conta de atender aos pedidos, mas trabalho não é problema para a atleta.
Sandra assumiu responsabilidades cedo. O primeiro filho chegou quando ela estava com 12 anos. Aos 13, a baiana perdeu a mãe. Filha do meio de cinco irmãos, ela passou a cuidar dos mais novos e também do bebê dela.
“Eu tinha irmãos que dependiam de mim e do meu irmão mais velho. A gente começou a trabalhar cedo para dar uma vida mas com dignidade a eles, levar o sustento”.
“Hoje eles têm orgulho de mim, porque acabei substituindo minha mãe. Atualmente, todos são casados, pessoas de bem. Tenho orgulho também”.
Antes de ser costureira, Sandra chegou a atuar como ajudante de pedreiro, auxiliando o marido, com quem está há mais de 30 anos.
“Não tinha como deixar meu menino sozinho. Eu colocava meu filhinho no carrinho de mão, cobria com um paninho para proteger do sol e levava comigo. Fazia tudo como ajudante de pedreiro e meu bebezinho lá no carrinho”.
É ao ofício antigo que a atleta atribui a resistência para pegar pesado durante os treinos e condicionar o corpo para as competições. Realizada com o título, ela fala sobre a importância de persistir.
“Se você tem um sonho, lute. Não desista. Por mais que venham as dificuldades, continue lutando, porque um dia a vitória vem. Tem que lutar, não pode pensar em desistir” .
Por Alan Oliveira, G1 BA