YOKOHAMA, Japão — O número de casos confirmados de contágio com o novo coronavírus a bordo do cruzeiro mantido em quarentena na costa do Japão subiu para 355, informou neste domingo o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato. Durante a operação de repatriação dos Estados Unidos, após o anúncio de Kato, 40 americanos foram diagnosticados com COVID-19.
O navio de luxo Diamond Princess, que está atracado em um porto de Yokohama, é o segundo maior epicentro da doença, perdendo só para Wuhan, na China, onde mais de 68 mil pessoas já foram infectadas e mais de 1.600 morreram.
Segundo Kato, do total de pessoas contaminadas a bordo do cruzeiro, 73 não apresentam sintomas, como febre e problemas respiratórios.
Antes que a situação se agrave, vários governos decidiram repatriar seus cidadãos que não apresentam sintomas e colocá-los em quarentena em seus respectivos países.
Um avião será fretado para transportar cidadãos americanos saudáveis, que farão uma quarentena de outros 14 dias em duas bases militares americanas. Pelo menos 40 deles foram diagnosticados com o novo coronavírus, segundo informou o diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIH) dos EUA, Anthony Fauci, em entrevista à rede CBS.
— Eles serão tratados em hospitais no Japão — afirmou Fauci. — Eles não irão a lugar nenhum.
Questionado sobre a gravidade da infecção dos americanos, ele respondeu que variava de acordo com cada caso.
— Um pode estar infectado e ter sintomas mínimos, mas ainda assim infectar alguém. Ou pode estar infectado e sofrer um problema pulmonar significativo que requer hospitalização e talvez até uma intervenção séria — disse Fauci.
O diretor do NIH disse ainda que qualquer um que apresentar sintomas em potencial do novo coronavírus não será incluindo no avião de evacuação:
— Se as pessoas no avião começarem a desenvolver sintomas, elas serão segregadas dentro da aeronave. Portanto, há um plano muito firme com este (Boeing) 747 que agora levará esses passageiros.
Alguns americanos no cruzeiro disseram que vão recusar ser evacuados porque são assintomáticos, mas Fauci disse que todos os que estiveram no navio ficarão em quarentena quando voltarem aos Estados Unidos.
— A razão para isso é que o grau de transmissibilidade naquele cruzeiro é essencialmente semelhante ao de estar em um lugar perigoso. Há muita transmissibilidade nesse cruzeiro — explicou.
A recomendação havia sido adiantada pela embaixada dos EUA no Japão por meio de uma carta.
“Como indicamos ontem (sábado), o governo dos Estados Unidos recomenda que seus cidadãos desembarquem do Diamond Princess e retornem aos EUA”, escreveu a embaixada norte-americana em Tóquio em uma carta on-line. Neste sábado, havia 350 americanos embarcados.
Ainda não se sabe para onde os americanos repatriados serão levados.
— Sairemos dentro de poucas horas. Não há detalhes. Talvez sejamos levados para Texas ou Nebraska — disse Gay Courter, uma das passageiras do Diamond Princess, à Reuters.
Ainda segundo a americana, é esperado que todos os repatriados passem duas semanas em quarentena em solo americano.
O governo de Hong Kong também anunciou neste sábado que vai repatriar “o mais rápido possível” seus 350 cidadãos que estão embarcados. E o Canadá deseja fazer o mesmo com os 250 canadenses a bordo do cruzeiro.
Segundo a imprensa australiana, Canberra também contempla a opção de repatriação.
As primeiras evacuações em avião começaram na noite de domingo. A dos americanos estava marcada para acontecer às 21h (horário local), segundo anúncios postados nas redes sociais.
Passageiros devem ficar em suas cabines
O cruzeiro navegava normalmente com várias escalas pela Ásia e mais de 3.700 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulação, quando, no começo do mês, um turista que desembarcou em Hong Kong deu positivo para o teste do covid-19.
Depois deste primeiro caso confirmado, o cruzeiro chegou à costa japonesa, mas não obteve autorização para atracar, e todas as pessoas foram colocadas em quarentena.
As pessoas que confirmaram a infecção foram transferidas para hospitais em terra firme.
No entanto, centenas de pessoas seguem a bordo do cruzeiro, forçadas a permanecerem em suas cabines e usar máscaras de proteção o tempo inteiro.