Cuidados com escorpiões devem ser redobrados no verão; criança de 7 anos morre após ser picada em Janaúba

Por G1 Grande Minas — Montes Claros

O Hospital Universitário Clemente Faria, referência no atendimento de vítimas de ataques de animais peçonhentos no Norte de MG, já registrou uma morte causada por picada de escorpião na primeira semana de 2020. O verão é o período com maior número de acidentes, por isso, os cuidados devem ser redobrados.

“Com as altas temperaturas, os escorpiões saem do abrigo para realizar a reprodução e procurar novos ninhos, os acidentes ocorrem nessa transição”, explica o pediatra Carlos Lopo. Com as chuvas, é comum os animais saírem dos locais onde estão.

A criança que morreu neste ano tinha sete anos e veio de Janaúba (MG). Ela teve edema agudo no pulmão, sofreu uma sequência de dez paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.

Em 2019, 3.356 casos foram atendidos no HUCF. Em 2019, foram registradas quatro mortes; Uma menina de 10 anos encaminhada de Januária; um menino de três anos de Bocaiuva, um adolescente de 12 de Porteirinha, uma mulher de 54 de Bonito de Minas e um homem de 65 de Januária. Em 2018, um óbito foi registrado.

O veneno do escorpião oferece maiores riscos para pessoas abaixo dos sete anos e acima dos 65. Segundo o médico, nessas faixas de idades o metabolismo é mais lento. No caso das crianças, a relação entre peso e a quantidade de veneno é um complicador. Já para os idosos, doenças preexistentes, como diabetes e hipertensão, podem agravar a situação.

Carlos Lopo destaca que em casos classificados como leves, o paciente sente apenas dor. “O veneno é neurotóxico, ou seja, afeta o sistema nervosos. Isso quer dizer que se uma pessoa leva uma picada na mão, pode sentir dor até no ombro”, complementa.

Nos casos moderados ou graves, pode haver sintomas como sudoreses, palidez, alteração da circulação, vômitos, entre outros. O agravamento do quadro pode levar a edema do pulmão, insuficiência cardíaca, convulsão, derrame.

“Uma vez ferroado, o paciente deve ser levado o mais rápido para a unidade de saúde. Não deve-se passar nada no local, nem fazer torniquete ou cortes, que aumentam as chances de infecção. O soro é utilizado dentro da faixa de risco. Fora dela, avaliamos o quadro para verificar a necessidade”, diz o médico.

As espécies mais comuns na região são a Tityus bahiensis e a Tityus serrulatus, escorpiões preto e amarelo, respectivamente. O último é o mais preocupante, mas o tratamento é o mesmo para ambos.

“É preciso evitar acúmulo de materiais de construção, lixo e mato. Manter os ambientes limpos é a principal medida para evitar acidentes com animais peçonhentos de forma geral”, fala.

Lopo ainda diz que apesar do costume de se criar galinhas, elas têm hábito diurnos, enquanto os escorpiões são noturnos. A aplicação de produtos para o controle desses animais peçonhentos também não é recomendada, já que não provoca morte e pode fazer com que eles deixem os esconderijos, aumentando a chance de acidentes.