Por Henrique Mendes, G1 BA
Representantes da tribo pataxó Hãe-Hãe-Hãe, que após 13 dias de ocupação deixaram uma fazenda da família do ex-ministro Geddel Vieira Lima na Bahia, por determinação da Justiça, estiveram na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, e relataram que a propriedade está em área indígena e que esperam por demarcação.
A visita dos representantes indígenas, que ocorreu na quarta-feira (17), foi confirmada ao G1 pela Funai. O órgão diz que os visitantes foram recebidos pela Coordenação de Identificação e Delimitação.
A fazenda que é alvo do pedido se chama Esmeralda e fica no município de Itapetinga, no sudoeste da Bahia. Em resposta aos representantes indígenas, a Funai disse que não possuía no banco de dados nenhum registro sobre a terra e que, após relato recebido, fará um estudo da área.
Em entrevista ao G1, o advogado da família Vieira Lima, Franklin Ferraz, disse que soube informalmente sobre a visita dos índios à Funai, mas destacou que até o momento a defesa não foi procurada pelo órgão.
Desocupação
As fazendas da família do ex-ministro Geddel Vieira Lima no sudoeste e no sul da Bahia, que foram invadidas por índios e integrantes de movimentos de lutas por terra, foram desocupadas.
A ocupação mais longa, que durou 13 dias, ocorreu na Fazenda Esmeralda. Segundo o advogado Franklin Ferraz, oficiais da Justiça cumpriram mandado de reintegração de posse no dia 6 de outubro. Ele diz que os oficiais foram acompanhados de forças militares, mas que a reintegração ocorreu de forma pacífica.
O delegado Antônio Roberto Gomes da Silva Júnior, que atua na região, confirmou que a reintegração ocorreu sem confrontos. A Fazenda Esmeralda estava ocupada desde o dia 23 de setembro por índios da tribo pataxó Hã-Hã-Hãe. Eles afirmavam que a terra era sagrada e pediam demarcação.
Já a Fazenda Tabajara, na cidade de Potiraguá, no sul da Bahia, foi desocupada voluntariamente pelos integrantes do Movimento Livre da Terra. Também não houve registro de conflitos na região.
Com a reintegração e desocupação, a defesa da família de Geddel afirma que está avaliando a situação das propriedades e possíveis danos.
Geddel está preso no complexo da Papuda, em Brasília, desde 8 de setembro. A prisão ocorreu três dias após a polícia ter encontrado R$ 51 milhões em cédulas em um imóvel supostamente utilizado por ele. Antes, ele já cumpria prisão domiciliar em Salvador.