Número de homicídios de mulheres na Bahia teve aumento de 81,5% em 10 anos

O número de homicídios contra mulheres no estado da Bahia teve um aumento de 81,5% em dez anos, segundo dados do Atlas da Violência, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta terça-feira (5). O levantamento traz números do período entre 2006 e 2016.

Em 2006, levando em consideração os dados absolutos, 243 mulheres foram mortas de forma violenta no estado e esse número saltou para 441 em 2016. Também houve aumento no número de mortes se comparar 2016 com 2015. Em um ano, o número de homicídios subiu de 382 para 441, variação de 15,4%.

A Bahia teve reduções seguidas nos números de mortes de mulheres nos anos de 2012 (437), 2013 (423), 2014 (385) e 2015 (382), mas as ocorrências voltaram a aumentar em 2016.

Caso seja levada em conta a taxa de homicídios de mulheres por 100 mil habitantes, a variação do aumento das ocorrências foi de 70,3% em dez anos. A taxa de mortes subiu de 3,3 em 2006 para 5,7 por 100 mil em 2016.

Considerando-se os dados de 2016 na Bahia, a taxa de homicídios é maior entre as mulheres negras (5,9) que entre as não negras (3,4).

A taxa de mortes de mulheres não negras, no entanto, foi a que mais aumentou em dez anos. De 2006 a 2016, subiu 148,4%. No mesmo período, a taxa de homicídios de mulheres negras aumentou 71,1% no estado.

Em todo o Brasil, em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas, o que representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. Em dez anos, observa-se um aumento de 6,4%.

Também em âmbito nacional, considerando-se os dados de 2016, a taxa de homicídios é maior entre as mulheres negras (5,3) que entre as não negras (3,1) – a diferença é de 71%. Em relação aos dez anos da série, a taxa de homicídios para cada 100 mil mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto que entre as não negras houve queda de 8%.

Governo rebate

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) rebate os dados do Atlas da Violência e critica a metodologia empregada.

Diz que a Bahia vem registrando progressiva diminuição dos índices de mortes violentas. Afirma que, nos cinco primeiros meses deste ano, o índice recuou 12,6%, no estado, em relação ao mesmo período de 2017, o que, conforme o órgão, demonstra o resultado do trabalho integrado das Polícias Militar, Civil e Técnica.

Ainda segundo a SSP, com os investimentos feitos na contratação de novos policiais, entregas de novas estruturas, uma delas o Centro de Operações e Inteligência, no ano de 2017, comparando com 2016, a Bahia alcançou a redução de 5,2% nas mortes violentas. De 2015 para 2016, em Salvador, os crimes contra a vida caíram 3,1% e, no estado, houve um aumento de 12,4%, aponta a SSP.

O secretário Maurício Barbosa lamentou a divulgação do ranking de mortes violentas no Brasil, que, segundo ele, não leva em consideração que os estados nordestinos figuram sempre como mais violentos, pois contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade.

O secretário disse, ainda, que a pesquisa, quando fala em mortes violentas, coloca no mesmo patamar o assassinato praticado por um criminoso e os casos em que policiais, quando atacados, reagem proporcionalmente em legítima defesa dele e da sociedade.

Na avaliação da SSP, as mortes por arma de fogo, no Brasil, são reflexo da falta de uma política nacional de segurança, com ausência de combate à entrada de armas através das fronteiras. Em 2018, a polícia baiana, nos quatro primeiros meses, chegou a uma média de 22 armas apreendidas por dia, afirma o órgão.

Com relação à morte de jovens, a SSP defende a maior participação dos municípios, na proposição de ações sociais como o Mais Futuro e o Partiu Estágio, que oferecem novas perspectivas. Sem as criações de oportunidades de emprego como estas, o tráfico acaba cooptando os adolescentes, afirma o órgão. Ainda de acordo com a SSP, os jovens que mais morrem são também os que mais matam.

No que diz respeito à morte de negros, a SSP disse que está analisando os dados do período divulgado, tomando como base a faixa de população negra do estado, de 76%, a maior do país.

Por G1 BA