Chegou a 65 o número de mortes confirmadas em decorrência do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais. A informação foi divulgada pelos Bombeiros ao fim deste quarto dia de buscas na área devastada pelo desastre.
O rio de lama se transforma aos poucos num terreno mais seco, que facilita o acesso dos Bombeiros aos locais onde estão os corpos. Com o chão um pouco mais seco dá para chegar a lugares que até ontem eram inalcançáveis. Um saco plástico amarrado funciona como uma sinalização de que o caminho é relativamente seguro para andar. Um tronco funciona como ponte para atravessar um trecho de córrego. Muito barro, lama, galhos.
Há risco por todo lado. O repórter cinematográfico Rogério Rocha flagrou o momento que um dos três soldados israelenses que acompanhavam as buscas afunda na lama. Ele precisou de ajuda dos Bombeiros para sair.
O helicóptero chega para buscar corpo encontrado dentro de ônibus. Ele tem que fazer uma aproximação muito cuidadosa para chegar bem perto dos socorristas. A operação é bem arriscada e é um trabalho que tem que precisa ser feito com muito cuidado e muito respeito ao corpo que é retirado.
Os corpos estão sendo levados para uma espécie de quartel-general avançado, montado no pátio da capela Nossa Senhora das Dores, num bairro da área rural de Brumadinho, bem atrás da casa da Dona Nathalia. O marido dela estava na pousada que foi soterrada. Ela ainda tem esperança de encontrá-lo.
“Eu sei que ele está vivo, moço. Ele está pedindo socorro”, diz a doméstica Nathália Eleutério. Sentimento que vai enfraquecendo toda vez que um helicóptero chega com um corpo: “Eu quero, pelo menos, enterrar meu marido. Eu quero pelo menos um enterro digno, porque ele merece”.
E, esta segunda (28), chegaram muitos corpos. O tempo firme ajuda nos resgates. É uma situação dramática cada vez que um helicóptero deixa um corpo no local, por isso todo o trabalho é feito um pouco distante dos olhos da população.
Os perigos para os helicópteros são muito grandes, inclusive a presença de drones. O equipamento encarregado de evitar que o helicóptero se choque com um drone é um caminhão capaz de detectar presença de um drone em um raio de 6 km. Está monitorando a área o tempo todo para evitar que um acidente aconteça e quem faz o monitoramento é o engenheiro de radiofrequência Eduardo Neger.
“A gente teve desde este domingo, no final da noite, perto de 40 ocorrências. Certamente é uma irresponsabilidade. Especialmente numa operação dessa onde nós temos dezenas de helicópteros em operação e, certamente, isso já ficou claro para todos os operadores de drone que é uma área que está com a operação de drones totalmente proibida. Quando localizamos um, a gente pega as informações de localização do drone e do piloto e compartilha imediatamente com o controle da operação”, explica Neger.
Os Bombeiros integrantes da Defesa Civil sobem e descem num trabalho incansável. Geralmente voltam cobertos de lama. O cão farejador, chamado Thor, também volta todo sujo de cada viagem. Alguns bombeiros usam roupas de mergulho que protegem a pele contra lesões e hipotermia, além de facilitar a movimentação na lama.
“Nós, militares do Corpo dos Bombeiros, mais uma vez reafirmamos nossa missão constitucional de trabalhar em prol da comunidade, mesmo nas situações mais difíceis que tem. Independente de tempo, de condições atmosféricas, de horário; independente de qualquer coisa. Sem medo”, afirma o tenente-bombeiro Márcio Brick.
No fim da tarde desta segunda, um outro corpo foi localizado dentro do ônibus, mas ainda não tinha sido retirado.
Por G1