De acordo com um estudo publicado nesta sexta-feira (31) na revista científica Science Advances, os países que têm a vacina BCG, que protege contra a tuberculose, como obrigatório, apresentaram, no geral, taxas mais baixas de infecção e morte pela Covid-19 durante o primeiro mês da pandemia em seus territórios.
O estudo foi desenvolvido por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, onde a imunização via BCG não é obrigatória. A partir do levantamento, os pesquisadores concluíram que, com a implementação obrigatória da vacina, em vez de 2.467 mortes pela Covid-19 no dia 29 de março de 2020, o país teria registrado 460 óbitos – número 81% menor do que a realidade.
Os cálculos ainda foram feitos considerando algumas variáveis, como a disponibilidade de testes para a detecção do coronavírus, a média de idade dos pacientes, a densidade populacional e sua taxa de migração – todos aspectos que poderiam interferir na quantidade de infectados e mortes.
Apesar da conclusão de que a universalização da vacina BCG pode ser eficaz contra a pandemia da Covid-19, os cientistas deixaram claro que são necessários mais levantamentos para comprovar tal resultado. Afinal, no próprio Brasil, a obrigatoriedade da BCG não impediu que o país se tornasse o segundo mais afetado pelo coronavírus no mundo, tanto em infectados quanto em óbitos. Para os pesquisadores, nestes casos, o motivo pode estar ligado a variáveis sociais.
Em países onde a imunização contra a tuberculose via BCG é obrigatória, a vacina é, no geral, aplicada no nascimento ou durante a infância.
Cientistas investigam eficácia de vacina BCG contra o coronavírus
Com a pandemia de coronavírus, diversas equipes de pesquisa estão em busca de uma vacina eficaz contra a doença. Porém, a solução pode ser conhecida há décadas: a BCG. No Brasil, ela é obrigatória desde 1976 para recém-nascidos, sendo disponibilizada de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os quatro anos de idade. É ela que deixa a marca no braço das pessoas.
A vacina está sendo testada em 10 mil profissionais da saúde em vários países. No Brasil, são dois mil voluntários de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Austrália, Espanha e Reino Unido também participam dos estudos da Universidade de Melborne com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nigel Curtis, um dos responsáveis pela pesquisa, afirma que os resultados finais podem demorar de seis a doze meses. “Estaremos observando muito atentamente, para saber se podemos descobrir mais cedo”, disse. Curtis, porém, afirmou que ainda não há convicção de que a BCG é eficaz contra o novo coronavírus. Portanto, ele alerta que não é para ninguém ir atrás da vacina.
Via: O Globo