Padre manda demolir igreja de mais 50 anos em MG e tem casa apedrejada; ia virar patrimônio histórico e ‘agora está no chão’

A demolição de uma igreja de mais de 50 anos na cidade de Dom Bosco (MG), neste sábado (26), a pedido do próprio padre, revoltou os moradores. Alguns chegaram a jogar pedra na casa paroquial onde o padre mora.

A prefeita da cidade, Iramaia Almeida, afirma que foi surpreendida. O município fazia um estudo para tombar e transformar a construção em patrimônio histórico.

“Na próxima segunda, iríamos notificar o padre sobre o tombamento da igreja, que é a história viva do nosso município e agora está no chão. A população não foi ouvida, a Prefeitura não foi notificada, estamos todos revoltados”, disse a prefeita.

A igreja São João Bosco já era referência antes mesmo da região virar o município Dom Bosco, em 1995, hoje com 3.677 habitantes, segundo IBGE.

O padre Roni da Silva, que estava à frente da demolição, disse ao G1 que atendeu a um pedido da comunidade católica, que quer a construção de um espaço maior. Afirmou ainda que tem atas e que a própria população doou vários materiais para a obra. Ele também afirmou que não tinha conhecimento sobre a necessidade de informar ao município sobre a demolição.

“Era um desejo do bispo, do Conselho Econômico Fiscal e de Pastoral e da comunidade para que uma igreja maior fosse construída, para comportar os fiéis durante as celebrações. A população foi consultada e abraçou a ideia, não é uma vontade que nasceu de agora, é algo que está sendo pensado há anos”, conta o padre, que está no município há quase três anos.

Polícia Militar acionada

Ao saber que uma máquina estava no local para fazer o serviço, a prefeita chamou a Polícia Militar, que determinou que a ação fosse interrompida até o esclarecimento da situação, mas apenas uma pequena parte da estrutura não havia sido derrubada.

“Se havia a vontade de construir um espaço maior, que pelo menos não derrubassem a igreja e procurassem por outro local, outros meios poderiam ter sido usados para resolver essa situação”, lamentou o comerciante Júnior Ricardo Ferreira, que frequenta o local desde criança.

Quanto ao tombamento, a prefeita explicou que um estudo da igreja estava em fase de elaboração.

Por Michelly Oda, Grande Minas