De ajudante de pedreiro a promessa do MMA: Carlos Tizil é a nova aposta brasileira do LFA

Por Marcelo Barone — Rio de Janeiro/sportv.globo.com

“Acho que ele tem um grande futuro”. É desta maneira que Ed Soares, presidente do Legacy Fighting Alliance (LFA), um dos principais eventos americanos da atualidade, trata o peso-mosca Carlos “Tizil” Mota, de 24 anos, natural de Medicilândia, no Pará. O atleta – radicado no Rio de Janeiro – assinou contrato de cinco lutas com a organização e estrearia este mês. O visto de trabalho para ingressar nos Estados Unidos negado, porém, adiou o debute.

Bem antes do sonho de se tornar atleta de MMA, Carlos Tizil trabalhou como ajudante de pedreiro na adolescência para se sustentar no Rio de Janeiro, onde chegou ainda criança, para morar com a mãe na Cidade de Deus, uma das maiores comunidades carentes do país. As pancadas da vida precederam as batalhas dentro do cage.

– Minhã mãe veio para o Rio quando eu tinha dois anos, em busca de uma vida melhor. Aos seis anos, quando a gente morava na CDD, ela faleceu de câncer. Minha avó tinha falecido um ano antes, então foi uma infância dolorosa, sofri desnutrição, passei pela casa de alguns parentes e encontrei uma tia que me criou até mais velho. Aos 17 anos, a minha tia que me criou teve que viajar para o Pará de novo, então fiquei no Rio, na casa de uma prima. Foi um baque, tinha perdido todos da família… Perdi mãe, avô, avó, não conheci o meu pai e meus tios voltaram ao Pará – contou o atleta, em entrevista ao Combate.com.

Embora trabalhasse em outras atividades – como segurança, por exemplo – Tizil não deixava de lado os treinamentos: via no jiu-jítsu a chave para vislumbrar um futuro menos árduo. Foi por isso que, mesmo diante de tantas adversidades, se manteve na arte suave. Aos 18 anos, quando encontrou seu atual treinador, Francisco Bueno, na Pr1mera Gym, enxergou no MMA a possibilidade de evoluir financeiramente.

– A gente viu que já tinha feito o que deveria no Brasil, peguei atletas duros, de boas academias, ganhei do francês na Inglaterra na minha segunda luta. Ninguém queria enfrentá-lo. Não vejo a hora de lutar no LFA, quero mostrar ao mundo inteiro o meu trabalho. Tenho muita coisa para mostrar no evento. Sonho viver do MMA, para dar uma vida melhor à minha esposa e filha, para poder viajar o mundo e conhecer os lugares.