Conheça a fraude que pode explicar as ‘sementes misteriosas’

Pacotes com “sementes misteriosas” seriam enviadas da China e de outros locais da Ásia já chegaram por correio a brasileiros de 8 estados. O governo chinês nega que os pacotes sejam enviados do país.

O fenômeno, que também foi registrado em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, entre outros, ainda não tem uma explicação definitiva.

Mas o Departamento de Agricultura dos EUA já trabalha com a possibilidade de que as encomendas indesejadas estejam relacionadas a uma fraude conhecida como “brushing”.

O “brushing” é, essencialmente, o envio de mercadorias não solicitadas com o objetivo de registrar compras falsas.

A semente, no caso, apenas cumpre a finalidade de não deixar o pacote vazio. Isso explicaria por que as autoridades até agora não encontraram sinais de tentativas de bioterrorismo ou contaminação.

Como funciona a fraude

A prática ocorre principalmente em sites que operam no modelo de “marketplace”, em que um único site de compras oferece produtos de muitas lojas diferentes.

Os golpistas fazem cadastro e compram em lojas on-line como se fossem clientes, usando endereços reais de vários países que são roubados de bancos de dados.

Com a conta falsa, eles ficam sabendo quando a “encomenda” foi entregue e, então, podem fazer uma avaliação positiva para a própria loja.

reputação de cada vendedor nesses sites ajuda a aumentar as vendas, tendo impacto na posição dos produtos nos resultados de busca e na confiança do cliente.

Como muitos sites de comércio eletrônico do tipo “marketplace” obrigam os vendedores a registrar um código de rastreamento em cada pedido, os golpistas se veem obrigados a enviar algum produto.

Para que a fraude tenha sucesso, também é preciso usar uma variedade de endereços válidos. Do contrário, os pacotes poderiam ser recusados e retornados.

Além disso, os sistemas das lojas poderiam levantar suspeitas se os mesmos endereços fossem usados para muitas compras.

Os endereços usados no “brushing” são normalmente oriundos de dados vazados de lojas ou de outros pedidos realizados pelo consumidor.

Por que sementes?

O envio de itens baratos e leves é para reduzir os custos de frete e da mercadoria – e é aí que entram as sementes.

Em alguns casos, também há situações em que consumidores recebem produtos maiores ou de valor superior. Isso ocorre quando o “brushing” tem o objetivo de melhorar a avaliação do produto em si, não só de uma loja, e o site de comércio eletrônico é mais restritivo com suas regras para validar pedidos.

Dá para devolver?

A fraude de “brushing” representa um risco na hora de comprar on-line, já que a reputação adulterada de lojas e mercadorias pode criar uma ilusão a respeito da qualidade desses artigos e dos vendedores.

Para piorar, como essas compras não são registradas no perfil verdadeiro do consumidor, é muitas vezes difícil solicitar a devolução do produto.

Do ponto de vista do site, você não terá acesso ao mesmo cadastro a partir do qual o pedido foi realizado e, sendo assim, não terá autorização para devolvê-lo.

Sementes devem ser entregues a autoridades

Até o momento, autoridades não identificaram problemas com as sementes recebidas da China. Mesmo assim, o perigo de contaminação não pode ser descartado.

Por essa razão, as sementes não devem ser retiradas do pacote nem descartadas no lixo.

O Ministério da Agricultura recomenda que consumidores entreguem as sementes a uma das unidades estaduais da pasta. A entrega do material não sujeita o cidadão a nenhuma penalidade e permite que as sementes sejam analisadas laboratórios.

China nega envio de sementes

A Embaixada da China no Brasil negou nesta quinta-feira (1º) que o país seja o responsável pelo o envio de pacotes de sementes misteriosas que chegaram a pelo menos 8 estados brasileiros nas últimas semanas.

O país diz que uma verificação preliminar constatou que as etiquetas de postagem apresentam indícios de fraude, e que estão dispostos a cooperar com investigação.

 

Por Altieres RohrTOPO

É fundador de um site especializado na defesa contra ataques cibernéticos